Memórias Íntimas e Confissões de um Pecador Justificado

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Autor: James Hogg

Uma feroz e profunda parábola sobre o fanatismo.

«Como escrevo de memória, não me recordo de nada mais acontecido nestes primeiros dias que valha a pena ser contado. Que fui um grande e abstruso pecador, isso confesso, mas guardo ainda a esperança de vir a ser perdoado, pois nunca pequei por questões de princípio, mas por acidente e, nessas ocasiões, sempre tentei arrepender-me desses pecados aos magotes, pois a um e um era impossível. É certo que os meus esforços nem sempre eram bem sucedidos, mas isso não dependia de mim. A graça do arrependimento era-me recusada e assim, não me considerava responsável por essas faltas. Por outro lado, havia muitos dos pecados mais mortais que eu nunca cometera, pois receava aqueles que na Revelação são designados por pecados que implicam a exclusão, dos quais constantemente me acautelava. Em particular consegui desprezar, senão mesmo execrar, a beleza das mulheres, considerando-a a maior armadilha a que a humanidade está submetida e, embora os jovens, tanto rapazes como raparigas e até as velhas (entre as quais a minha mãe) me acusassem de ser um miserável sem vergonha, gabava-me e glorificava-me por essa minha façanha. Ainda hoje me sinto agradecido por ter escapado ileso à mais perigosa de todas as armadilhas.» [James Hogg]