Autores: Armando Quintero; Marco Somá
Idioma: Português
Capa dura
Todos os animais têm a sua voz…
O cão ladra. E os cachorros respondem.
O gato mia. E os gatinhos… também!
A girafa não tem voz. Porém, tem um pescoço muito comprido…
Tão comprido que, com ele, pode acariciar a sua cria.
“Não fales a menos que possas melhorar o silêncio”, dizia Borges. Quanto pode transmitir um
gesto, uma carícia, um olhar…? Porque nem é preciso voz para transmitir carinho ou dizer coisas
bonitas.
O contacto físico, como demonstração de afeto, é imprescindível para o desenvolvimento emocional:
dá segurança, favorece a autoestima e melhora a confiança em si próprio e nos outros. O
texto de Armando Quintero e as imagens de Marco Somá fazem finca-pé neste aspeto.
O ilustrador italiano humaniza os animais e apresenta-os em situações familiares com que qualquer
criança se pode sentir identificada: a divertir-se no parque com os pais, a comer um gelado,
a desfrutar da água num rio… as formas de comunicar entre eles (ladrar, miar, cacarejar…) são
chaves para tirar partido de momentos felizes para toda a família.
Somá mantém esta atitude vital com o surgimento das girafas. Mãe e filha não têm voz, mas
adotam outro método: as carícias. E a pequena girafa partilha com os outros animais esta forma
de transmitir sentimentos e emoções.
A partir desta altura, a história dá uma reviravolta radical: as ilustrações continuam a mostrar personagens
que usufruem desse instante sem necessidade de palavras, só com abraços, carícias…
e a aprendizagem expande-se também para novas formas de aproximação ao outro; assim, a
partir do momento em que a pequena girafa mostra a um elefante como são as carícias, esta
interação prossegue entre os demais: o elefante mostra ao tigre; este, ao lobo…
Não há dúvida acerca da importância das girafas nesta história. Quintero diz que “todos os
animais têm sons para se chamarem e dizerem que se amam, menos as girafas, que são mudas;
contudo, para dizerem que gostam umas das outras, abrem bem os olhos, é por isso que os têm
assim tão grandes, e que se tocam. E mostram isso aos outros seres”.