Quando não encontras a tua casa

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Texto de Paloma Sánchez Ibarzábal

Ilustrações de Joanna Concejo

Tradução do espanhol de Dora Batalim Sottomayor

Editora: OQO

Às vezes perdes-te na noite e não encontras a tua casa. Através de um bosque desconhecido caminhas sem rumo. Em Quando não encontras a tua casa, o novo álbum da Coleção O da OQO editora, Paloma Sánchez dirige o olhar para a essência temática dos contos tradicionais, mas sem renunciar a uma focagem moderna e transgressora. A história começa de uma forma já clássica dentro da literatura infanto-juvenil de todos os tempos: com alguém que se perde no bosque durante a noite. Mas rapidamente afasta-se das convenções do género. Em detrimento da terceira pessoa ou da primeira, as mais habituais, a autora aposta numa narração na segunda pessoa. Paralelamente mantém sempre a ambiguidade relativamente ao protagonista, que não sabemos se é um menino ou uma menina. Provavelmente porque, na realidade, esse «tu» faz referência a outro protagonista, ao próprio leitor. Paloma Sánchez foge dos cenários realistas, daí que a viagem de regresso ao lar decorra sempre por lugares insólitos e oníricos. No seu percurso o protagonista não está sozinho. Incitam-no a continuar as vozes das estrelas, a do eco do Fim do Mundo, a dos juncos nas pedras… Mas uma voz condu-lo a outra, e a outra, e assim até ao infinito. O caminho torna-se um labirinto ou espiral, cada vez mais fantástico, de onde é impossível fugir. E ninguém melhor que Joanna Concejo, cujo anterior trabalho com a OQO editora, Fumo, foi merecedor de uma Menção White Raven que o reconhece como um dos mais belos álbuns do mundo, para ilustrar os territórios da fantasia. Porque as paisagens de Quando não encontras a tua casa parecem saídas do mundo dos sonhos. Tal como num sonho, as imagens desfilam uma após outra, mas não sabemos o que será que nos espera na página seguinte. Para lograr esse efeito de irrealidade que tão bem se adapta à história, utiliza lápis de cor e também pequenas colagens. Trata-se de ilustrações carregadas de poesia que acompanham a prosa rítmica da escritora. São belas e estranhas ao mesmo tempo e não sabemos como interpretá-las. Semelhante estranheza experimenta o protagonista que, desorientado, procura a sua casa. Enquanto cruza essas paragens surrealistas, escuta vozes que gritam Segue! De repente, uma voz murmura Acorda, que já é de dia. É a voz que sempre te devolve a casa.